No comecinho do mês de abril deste ano, fiz um post sobre feedbacks aqui no blog. Ainda na pegada desse post, agora eu gostaria de abordar outro ponto dentro desse assunto. Além de receber um feedback do próprio estúdio, geralmente dado pelo diretor de dublagem, muitos ainda me perguntam qual seria o “feedback derradeiro”, por assim dizer. Quer saber qual é? É sobre isso que vamos conversar no post de hoje. 😉

Pois bem, acredito que a resposta para qual seria o feedback definitivo do tradutor para dublagem possa parecer um pouco óbvia, mas não é nada mais, nada menos do que assistir às produções traduzidas por ele. Assistir ao produto dublado na tela, ao menos para mim, serve como uma espécie de termômetro do quanto a minha tradução agradou ao diretor e aos dubladores. Há casos em que eu acabo não sabendo onde as produções que traduzo serão exibidas, mas com a ajuda dos responsáveis pelos estúdios e do santo Google, hoje em dia, ficou muito mais fácil descobrir.

Para conseguir ter a real dimensão do quanto minha tradução foi aproveitada, eu fico com o notebook do meu lado acompanhando o que é dito na tela, e é muito interessante ver as mudanças que são feitas no momento das gravações. O grande barato é o que se pode aprender com essas alterações, como quando o final de uma fala é mudado para se ter uma labial mais perfeita ou uma alteração textual de modo a se obter um efeito mais dramático ou cômico, dependendo do que a cena exige. Ao observar esse “manusear” da tradução, aos poucos, o tradutor pode passar a incorporar nos seus futuros trabalhos aquilo que perceber na dublagem.

Brothers & Sisters: projeto em que comecei a analisar a minha tradução com o resultado na tela

Ao longo dos meus anos de atuação, assistir às produções dubladas que contam com a minha tradução tem sido um grande aprendizado e, novamente, um tipo de medidor do meu desempenho. Aprende-se muito observando as mudanças realizadas na nossa tradução e vemos até saídas e soluções mais interessantes do que as previamente concebidas por nós, tradutores. Obviamente que há vezes em que ocorrem mais mudanças do que outras, mas isso não é motivo para se desesperar. Afinal, para cada produção, há um diretor de dublagem diferente e toda uma equipe atuando por trás.

É justamente por isso que contar com o feedback do estúdio e do diretor também é essencial, pois, às vezes, as mudanças são feitas por questões de preferências/gostos, e não porque originalmente a tradução estava uma porcaria. Um aviso aos futuros navegantes: o tradutor desse ramo não pode se apegar excessivamente ao texto que produz, pois eu garanto que haverá mudanças, não importa quantos anos de experiência você tenha.

Lembre-se de que a dublagem de tudo que vemos é resultado de uma equipe composta de diversos profissionais, cada um contribuindo com seu toque e com seu talento. No entanto, o tradutor precisa se aprimorar constantemente para que, assim como os demais, possa reconhecer o seu trabalho na tela. É uma sensação deliciosa, pode apostar!

Para encerrar, deixo uma dica de ouro para você, tradutor, que ainda não tenha esse hábito: anote as alterações que você achou mais interessantes, aquelas sacadas geniais dadas pelos dubladores no momento das gravações. Por exemplo, no caso das expressões idiomáticas, é comum haver mais de uma forma de dizê-las e quanto maior for o número de soluções que você tenha para elas, melhor. Imagine que você tenha traduzido uma dessas expressões de forma X, e na dublagem ficou de forma Y, só que com o sentido inalterado e combinando melhor com a imagem. Anote essa forma Y, pois sempre rola um reaproveitamento no futuro, e quer coisa melhor do que se deparar com uma expressão que você já vai ter a solução anotada e que se encaixa perfeitamente no contexto da cena?

Espero que tenha gostado do post de hoje e não se esqueça de deixar o seu comentário. Um grande abraço e até o próximo post! 😉

Paulo Noriega

Sou autor do blog Traduzindo a Dublagem e tradutor atuante nas áreas de dublagem e editorial. Amo poder compartilhar meu conhecimento a respeito do universo da dublagem e da tradução para dublagem. Seja bem-vindo a este fascinante universo!

8 Comentários

Danny Reis

7 de julho de 2017

Excelente dica, querido! Ótimo post. 🙂
Beijão!

    Paulo Noriega

    7 de julho de 2017

    Que bom que gostou, Danny! Obrigado =) Beijo grande!

Reynaldo

11 de julho de 2017

Ótimo post!
Estou fazendo curso de Tradução para Dublagem com a Rayani e a Mabel e tem sido fantástico. Espero muito conseguir entrar nesse mercado e atuar na área.
Forte abraço!

    Paulo Noriega

    12 de julho de 2017

    Oi, Reynaldo! Que bom que está se profissionalizando para entrar na área. Fico feliz por ter gostado do post e espero que fique sempre por aqui. Forte abraço!

Jean Trindade Pereira

14 de julho de 2017

Ótimo post, Paulo!

Eu sempre achei interessante explorar o mundo da tradução, e eu sempre aprendo algo novo sobre a tradução para dublagem quando eu leio algum post seu aqui no seu blog.

Continue com essa iniciativa de compartilhar experiências e conhecimento. Você está ajudando muitas pessoas!

Um abraço!

    Paulo Noriega

    14 de julho de 2017

    Que bom, Jean. Valeu mesmo por acompanhar e incentivar o meu trabalho. Isso me deixa muito feliz! Grande abraço e que continue sempre por aqui!

Guga Almeida

25 de agosto de 2017

Parabéns pelo post, Paulo, realmente o nosso trabalho quanto tradutor é o primeiro passo e a base para uma excelente versão brasileira, que é complementada pela equipe (dublador, diretor, técnicos) no estúdio na hora da gravação. Continue com seu ótimo trabalho. forte abraço

    Paulo Noriega

    27 de agosto de 2017

    Que bom que sempre está por aqui, Guga! Forte abraço! =]

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